Tire o W de Wella












Nem todo nome alemão é de pronuncia ruim, mesmo tendo mais consoantes que vogais.

A Wella, por exemplo, vem do alemão welle, que quer dizer onda.

Inicialmente era uma fábrica de perucas, já que em 1880 ainda se usava peruca como símbolo de nobreza. Após a guerra, a peruca cai definitivamente de moda e seu fundador Franz Stroher passa a fabricar produtos para o cabelo.

Além do seu significado pertinente, Wella é um nome curto. Um nome feminino, que em português, remete a ela. Em espanhol é o mesmo que se referir a ela (ella).

O logo traz o desenho de uma mulher de perfil com seus cabelos longos e, claro, ondulados.

Há muito tempo que escuderia é time.

















Marca não é uma invenção moderna. O Homem sempre precisou se identificar e identificar os objetos e mercadorias a sua volta.

Na Idade Média, o brasão marcado no escudo do guerreiro era sinal de identificação. Como um uniforme de futebol, os cavaleiros carregavam um escudo com o brasão do seu Reino. Assim, os do mesmo "time" se identificavam e não se matavam.

Algumas marcas mantiveram a tradição medieval do brasão. Ferrari, Scania, Alfa Romeo e Peugeot são alguns exemplos de marcas heráldicas.

Além de logo heráldica, o nome Ferrari é patronímico e, por sinal, nasceu de uma divisão da Alfa Romeo, quando Enzo Ferrari criou a Scuderia Ferrari.

Por que Apple? Mais uma versão.









O inglês Alan Turing foi matemático, lógico, criptoanalista e abriu caminhos para o desenvolvimento da computação. Seu trabalho em quebra de códigos levou as forças aliadas a destruir Hittler e vencer a Segunda Guerra. Está tudo no filme O Jogo da Imitação.

Turing era gay. No lugar de ser condecorado como herói, foi processado por conta de sua homossexualidade. Para fugir da prisão foi forçado a aceitar uma castração química, um forte tratamento a base de hormônios que diminuíam sua libido.

Cansado do tratamento e da humilhação, embebeu uma maçã em veneno e se matou.

Nessa versão sobre o nome da marca Apple, se diz que é uma homenagem de Jobs a Turing.

Mais versões:

Em Naming, Ronaldo é 10








Ronaldo está dando vários dribles no mundo dos negócios. Em matéria de Naming já fez dois gols de placa.

Primeiro foi o nome da empresa: 9ine. 9ine é curto, é gráfico, pois mistura letras e palavras, e é também sonoro. Não é descritivo mas faz um link com a atividade que exerce. E claro, colocou um nome que se entende em qualquer lugar do mundo, grafado em inglês e com um numeral, mesmo quem não saiba o que é Nine, sabe o que é 9. É quase um nome patronímico, sem o nome do fundador. Um "número patronímico". Excelente.

Agora ele lança o Pnera. Uma rede social em que os aspirantes a jogadores se cadastram. Assim como no Facebook, o usuário tem um perfil e vai levar o trabalho de procura por novos talentos para o ambiente virtual.

Pnera é outro gol de placa. Não é propriamente descritivo, é abstrato, mas a base, a palavra "peneira", descreve a atividade e o objetivo do empreendimento.

Acho que estou gostando mais de ver Ronaldo jogando Naming, que futebol.

Eu tenho medo do Veloster














À primeira vista, estranhei o carro que tem como diferencial o fato de ser o primeiro com 3 portas. O comercial explica que é para a aumentar a segurança do passageiro no desembarque. Ok.

À segunda vista, estranhei mais ainda. O nome não traz isso? Nenhuma referência às 3 portas ou segurança?

Veloster remete claramente a velocidade.

Tudo bem que eu não sou público-alvo, mas a maioria das montadoras vem amenizando o nome de seus carros e principalmente suas campanhas, cada vez mais saindo do foco da potência e da velocidade, falando de prazer, conforto, comodidade etc. Tem até um com nome de pintor famoso.

É, tem aquele que chama Bravo. Mas pelo menos a campanha ameniza, indo para o outro significado da palavra: a euforia do aplauso.

No momento em que chama atenção os casos de atropelos e mortes por veículos potentes em alta velocidade, um carro com um nome que reforça isso? Como dizem os religiosos "palavra tem poder". Naming também tem e deve ser usado mercadológica e politicamente de forma correta.


O relógio do Gatorade















Hoje o relógio na academia estava parado. Qualquer coisa parada em academia incomoda. Mas isso incomoda mais: é o relógio da Gatorade.

Fiquei pensando se o pessoal da Gatorade sabe disso: a Duracell das bebidas energéticas, parada.

Tá no slogan: Com Gatorade você vai mais longe. E lá parado.

Não é exagero não. Essa é a delicadeza do Branding. Da mesma forma que entra positiva e sutilmente em nossa percepção sobre a marca, também faz estragos quase sem perceber.

Para o funcionário da academia é só um relógio. Para a Gatorade é algo que nunca deveria parar, por  sua marca está no centro dele.

Para o funcionário quando der conserta. Para a Gatorade é uma grande perda em investimento no seu posicionamento a cada minuto que passa.

Gatorade, o relógio lá da academia está parado, mas o alarme de branding, branding, branding, branding disparou.